terça-feira, setembro 06, 2005

Haverá design português no século XXI?

Introdução

No século passado, o design foi considerado como sendo uma importante característica da cultura e do quotidiano. Neste início de século, o design é visto como uma ferramenta indispensável para se lograr numa globalização cada vez mais competitiva! A sua abrangência é vasta – inclui objectos tridimensionais, comunicações gráficas e sistemas integrados de informação, tecnologia e ambientes. Definindo-o no seu sentido mais genérico como concepção e planeamento dos produtos feitos pelo homem, o design é entendido fundamentalmente como sendo um instrumento indispensável para a melhoraria da qualidade de vida, que propõe soluções que fomentam o crescimento económico e a evolução sócio-cultural. Nos dias de hoje, são já muitas as sociedades que reconhecem o valor do design, pelo que o adoptam indiscutivelmente como forma eficaz de progressão.

Apesar de industrializado, Portugal, hoje, continua ainda sem uma cultura de design presente no seio da sua própria sociedade (pelo menos de uma forma coerente, dinâmica e continua). Salvas raras excepções, verifica-se que o design português de todo tem sido pensado para a sua própria sociedade. São vários os empreendedores que afirmam que o design português é somente para se exportar, e que o mesmo não é acessível a maioria das bolsas dos portugueses…Pois bem! A isto digo de forma provocatória e indignado, que a sociedade portuguesa e sobretudo o design português carecem de gente séria, honesta, empreendedora, perspicaz, capaz de lhe proporcionar legibilidade e de o elevar a um nível de apreço valorativo e cognitivo em termos sociais e económicos.

Mas o design português existe! Há largos anos até. Ele está é fragmentado, despojado da sua essência. Ele tem é sido utilizado de forma indiferente perante e para uma sociedade que também se mostra indiferente. É tempo do design português seguir um rumo lógico e objectivo. Um rumo coerente onde a voz o eleva a uma razão credível e duradoura. Uma voz que o valorize e que se oponha aos produtos des(d)enhados pela indiferença cultural, contrapondo-se aos muitos projectistas e fabricantes que pretendem o sucesso fácil em detrimento de um produto sustentável com características qualitativas e valorativas. O design português deve demonstrar que é uma ferramenta eficaz, prática, sustentável e dinâmica, que propõe soluções qualitativas que vão de encontro as necessidades reais das pessoas e do país. O design português deve assumir um papel educativo, capaz de incutir na sociedade portuguesa visões e percepções que abraçam o progresso.

Actualmente parece-me importante questionar se haverá finalmente design português no século XXI? Saber qual o tipo de design que poderemos vir a desenvolver, e de que forma o que poderemos vir a fazê-lo. É me importante saber o que os designers portugueses pensam acerca disso, e o que pensam fazer perante o futuro que lhes espera! Pessoalmente, acredito que o design português venha a ser reconhecido no século XXI. Eu quero acreditar nisso... Mas para tal, é necessário que ocorram mudanças. Mudanças no nosso quotidiano, nos nossos hábitos, nos nossos comportamentos, nos nossos actos, nos nossos espaços…no nosso consciente!

Este artigo pretende acima de tudo fomentar a reflexão e discussão acerca da aplicabilidade do design português no século XXI. O design português deve promover e educar a sua própria sociedade, e como tal, deve demonstrar que é uma ferramenta capaz de dar soluções evolutivas em termos culturais e sócio-económicos. Ou seja, o se pretende aqui é que se reflicta acerca de como os designers portugueses podem contribuir para que surja finalmente uma cultura de design em Portugal. Uma nova cultura, feita por portugueses, para portugueses e para o mundo.

O design é uma potente ferramenta que permite conjugar interesses sociais e económicos a princípios e valores éticos. Para que o cenário actual se inverta, o design português precisa de oportunidade, de competências, de gente perspicaz, que proponha e desenvolva soluções vocacionadas para a melhoria das condições culturais e sócio-económicas. Ou seja, o design português precisa de gente simples, eficiente e visionária.


A crise das crises

É curioso como a conjuntura económica actual que assola Portugal, leva a que as pessoas se questionem sobre um conjunto infindável de problemas relativos a sua condição sócio-económica. Mas para além do curioso, o que é preocupante é o facto de como a maioria dessas pessoas chegam a uma conclusão, e a que tipos de conclusão chegam. Se atentarmos, veremos que a grande maioria da sociedade pensa que a conjuntura se deve a razões politicas. Ou seja, a más e sucessivas reformas politicas de gestão. Certamente que o é... mas o problema é bem mais grave e vai muito para além disso!

O que Portugal hoje atravessa é uma crise cultural! Ao longo desta recente democracia, tem-se verificado uma sucessiva perda de valores, de cidadania, de civismo, de responsabilidade, de empenho, o que de certo modo confirma que existe uma perda de cultura na sociedade portuguesa. E esta falta de cultura está presente nos mais variados estratos e vertentes da nossa sociedade. Para além disso, Portugal tem demonstrado ter falta de ideias, de iniciativa, de organização, pelo que o design português deveria reflectir acerca disso.

No mundo industrializado, fabricantes de todos os tipos reconhecem e implementam cada vez mais o design como sendo um meio indispensável e essencial para chegar a um mercado cada vez mais exigente. É também visto como sendo uma ferramenta que permite adquirir vantagens competitivas para alcançar novos mercados. Num contexto cada vez mais globalizado e mais competitivo, Portugal parece continuar a ser uma excepção a este fenómeno. E ao que parece, o design português continua a temer em singrar-se e afirmar-se no seu próprio contexto, tal como, no contexto internacional. De que forma se pode contribuir para reverter isso? Haverá design português no século XXI?


Alguns exemplos

O design, ao longo da história tem revelado ser uma preciosa ferramenta em dar forma a uma cultura material que influencia a qualidade do ambiente e do quotidiano. Como tal, a importância do mesmo não deve por isso ser subestimada. Ele não só abrange uma extraordinária gama de funções, técnicas processuais, atitudes, ideias e valores que influenciam a nossa experiência e percepção do mundo que nos rodeia, como também, as escolhas que fazemos hoje sobre a futura direcção do nosso mundo, terão um efeito significativo e possivelmente duradoura sobre a qualidade das nossas vidas e do nosso ambiente nos anos futuros.

Neste contexto, Portugal revela ainda ser inexperiente e com ausência de uma cultura de design. Isto torna-se claro quando se verifica por exemplo, que o design continua desconhecido no seio da nossa sociedade, ou até mesmo, quando o termo é indevidamente utilizado para divulgar produtos que nada têm a ver com o seu verdadeiro sentido cognitivo. Se atentarmos, verificar-se-á que a palavra é utilizada vezes sem conta, não no sentido correcto dos princípios da disciplina, mas sobretudo, no sentido de usurpação da palavra como forma promocional de objectos. A ingenuidade e ignorância por parte de quem recorre ao termo para enaltecer um produto ou até mesmo um serviço, assenta para além da ignorância, na falta de análise ao conteúdo e processo que utilizam para produzir ou divulgar um produto.

Como acima se referência, o design abrange uma extraordinária gama de funções. Os seus valores e técnicas não se podem resumir à «habilidade» em se fazer uns desenhos, ou em manipular um software específico que tornam certos produtos belos perante o senso comum. A beleza é algo de extremamente subjectiva e complexa para ser confundida com design… Nesse sentido, é lamentável que Portugal procure ainda propor produtos assentes nessa ambição medíocre. Por cá, ainda se fazem demasiados produtos de forma desonesta, camuflando-se estes na terminologia da palavra. Estas práticas transmitem falsas percepções do design cognitivo e devem ser imediatamente corrigidas pelos designers! Não há razão para que se continue a pactuar com complacência e conivência a estes factos.

As soluções não são simples e fáceis de alcançar. Elas requerem sagacidade, perspicácia, cooperação, polivalência, mas sobretudo, competência. Quando reunidas as condições e se por de trás existir um bom grupo de trabalho, o passo para o sucesso é quase garantido. Faça-se uma análise crítica a nossa cultura, aos nossos princípios, aos nossos métodos, as nossas capacidades e as nossas possibilidades. Já são demasiados os países industrializados que possuem uma grande sensibilidade quanto a aplicação e recurso ao design. Não só com o propósito de criar uma cultura material vocacionada para a melhoria da qualidade do ambiente e do quotidiano, mas também e sobretudo, como método contínuo e dinâmico em propor respostas práticas e inovadoras – estratégia motriz para o crescimento sócio-económico que assenta em atitudes, ideias, valores e novas técnicas processuais resultantes do design cognitivo.

Países que nos são conhecidos, como por exemplo os Escandinavos, há décadas que o seu desenvolvimento assenta na aplicabilidade do design. A Itália, a Alemanha, a França, a Inglaterra, a Bélgica, a Holanda, também há décadas que vislumbram as vantagens e potencialidades do design. Todo o processo de (re)construção e crescimento destes países tem estado intrinsecamente dependente do recurso e aplicabilidade do design. Se atentarmos, veremos que as sociedades destes países já discutem o design conceptual. Por cá nem sequer somos capazes de discutir o design convencional. Como é que ainda não se reparou nisso? De que se está a espera para alterar isso?

É frequente ver-se por cá eventos de design que recaem num elitismo egocêntrico, num ciclo fechado e sem sentido, sendo estes produzidos «de eles para eles». Embora acessível ao público em geral, o mesmo acaba por rejeitar as “coisas bizarras” e sem sentido que lhe é apresentado. Estes eventos completamente distorcidos, desacreditam o verdadeiro sentido do design. Repare-se que o escasso público nacional que demonstra ter uma certa sensibilidade ao design, é lamentavelmente mal tratado nestes eventos! Não tem sequer a possibilidade de estabelecer e percepcionar um verdadeiro contacto com o design. Não consegue entender qual o processo e a finalidade a que o design se propõe. Como é que o público o poderá entender? Porque se faz isso? Com que propósito? O design não deveria ser para todos e chegar a todos de forma clara e coerente?

É necessário que haja uma coerência lógica existencial do design, e que esta seja perceptível por todos. A linguagem e o conceito devem chegar a todos. Face a flexibilidade e capacidade industrial que Portugal possuiu, muito pouco se tem feito para que ocorra o inverso. Se atentarmos ver-se-á que os recursos, o conhecimento e meios não têm sido devidamente canalizados e mobilizados nesse sentido. É certo que falamos de factores que por vezes não são directamente geridos pelo design, mas este tem definitivamente uma palavra a dizer acerca disso.

O design português tem um papel fundamental (pelo menos deveria) para reverter essa situação. Ele deve adoptar novas estratégias que incluam e mobilizam todos os intervenientes no processo. Deve procurar minimizar custos e tempos de exequibilidade (factores importantes de competitividade), dando a compreender esses mesmos processos de rentabilização, interagindo com a produção, distribuição, utilização e reciclagem do produto. Ou seja, deve fomentar uma troca de conhecimentos para que ocorra o entendimento e a percepção da lógica da existência do design.

O design português não se deve cingir a ideias abstractas, cuja argumentação técnica nada traduz em termos práticos e perceptíveis. Deve fomentar visões, estratégias, atitudes e organização que não são habituais a nossa sociedade. Repare-se por exemplo, no fenómeno Ikea. As pessoas invadem as lojas. Quase as saqueiam. Para além das sugestões estéticas e funcionais dos produtos (perceptíveis através de uma circuito pré-definido pela loja), existe uma eficaz gestão da informação acercas dos materiais, exigências e condições de fabrico, reciclagem da embalagem e do produto. Alguns produtos são inclusivamente testados frente ao público na área comercial. Estas atitudes diferenciativas valorizam o produto e dão-lhe um sentido existencial perceptível.

Deixemos para trás a preocupação em se propor produtos que enalteçam o status quo das elites e que favoreçam apenas alguns. Haja espaço a novas ideias que teimam em sair do papel, ou até mesmo da mente. Abandone-se o medo de se abraçar o inexistente e o novo. Abraça-se a responsabilidade, o desafio, o risco. O design português precisa ser mais eficiente. Ele tem que ser mais persuasivo no seu próprio contexto. Ele deve contribuir para que as empresas e a sociedade abandonem abordagens estereotipadas e gastas. Deve romper com a ideia que o design é apenas para uma classe média alta, classe alta! Portugal estará assim tão endinheirado? Desde quando?

O adormecimento nacional em termos de atitudes, ideias, valores e acções foi e continua a ser de tal modo, que Portugal se vê hoje numa situação em que o abismo entre inovação e crescimento económico é imenso face a outros países industrializados. É necessário revitalizar a sociedade. Incutir-lhe uma cultura de conhecimento, de interesse, de motivação, de valorização.

Nos últimos anos (com agravamento no ano em curso) tem-se verificado um acréscimo no fecho de empresas nacionais. Fabricantes de produtos de qualidade fecham dado a falta de capacidade em renovar e inovar os seus produtos e/ou estratégias de mercado. Um exemplo pragmático é o caso da empresa de motorizadas Casal. Esta empresa bem estruturada e equipada, tinha capacidade para produzir todos os componentes que necessitava para os seus modelos. Apesar de especializada, esta empresa paradoxalmente foi incapaz de renovar os seus modelos de motorizadas, pelo que nos anos 90, quando as scooters se transformaram numa moda e invadiram o mercado nacional, o fecho da fábrica foi inevitável face a dificuldade em escoar os seus produtos obsoletos.

A Casal poder-se-á dizer que foi e continua a ser, o retrato actual de muitas empresas nacionais. Felizmente que existem excepções e muitas têm estrategicamente adoptado o design, como uma ferramenta crucial e indispensável para singrar e competir. Não obstante, existem ainda casos de empresas que optam por plagiar ou fazer umas estilizações «manhosas» – estratégia muito frequente por exemplo na capital do móvel. Estas empresas estão condenadas… Actualmente muitas encontram-se com sérias dificuldades, estando prestes a fechar, o que é imperdoável face ao potencial qualitativo e produtivo que possuem.

Infelizmente, a grande maioria dos produtos portugueses continuam a não ser objecto de referência como uma boa forma e/ou metodologia resultante da prática do design. O design português continua ainda desacreditado e subvalorizado no contexto nacional e internacional. É tempo dos designers portugueses se oporem aos «espertalhões» que se querem passar-se por profissionais da área, quando a sua formação não o é. O design português deve organizar-se e estruturar-se para impor confiança e respeito junto dos fabricantes e consumidores nacionais e internacionais. O design português deve demonstrar as suas competências e potencialidades.


As possibilidades

Portugal tem imenso potencial, e o design português deve ser capaz de o interpretar e compreender. Antes de mais, seria importante averiguar as necessidades da nossa indústria, tais como, as da nossa sociedade. Vislumbrar as suas lacunas e a que nível resulta a aplicabilidade do design nesse contexto, parece ser um óptimo ponto de partida. De notar, que seja qual for a variante de design, ele está intrinsecamente ligado a industria e a interesses económicos. É um dever entender quais são esses interesses, para que se possam definir estratégias que sejam compatíveis e possíveis de conjugar com os princípios éticos do design. É necessário responder eficazmente a essas necessidades, para que surja uma cultura de design na sociedade portuguesa neste novo século.

O design em Portugal deve ser percepcionado como uma profissão respeitável, praticável e sustentável. Uma boa aplicabilidade do design irá certamente fomentar o crescimento sócio-económico e cultural. Mas par tal é necessário alterarem-se atitudes e revelarem-se as competências. E quanto mais rápido isso ocorrer, mais rápida será a (re)construção. É tempo de se passar a uma colaboração/cooperação estreita, para que surjam propostas e acções concretas que tenham como alicerces, a visão, a confiança, a criatividade, a inovação e a ambição de crescer. Haja vontade de se projectar e produzir uma identidade qualitativa que vinga e que se vincula no seu próprio contexto.

A articulação, a colaboração e o respeito mútuo entre designers/produtores/consumidores deve ser vinculada. É preciso quebrarem-se barreiras e abandonar o status quo que destaca o egocentrismo individual. É preciso acabar com os exercícios de elitismo aparente. É tempo de se passar a uma acção mais dinâmica e contínua. A uma visão mais alargada onde a exequibilidade de projectos de médio/longo é fomentada pela critica cognitiva. Abandone-se o pensamento rígido e estático em detrimento de um pensamento polivalente, multidisciplinar e flexível. Executem-se soluções conjuntas assentes na permuta de informação, conhecimento e experiências. Aproveitem-se os canais de comunicação para se difundir essas experiências, esse conhecimento. É tempo de se alargar a discussão pública em espaços adequados, mesmo que virtuais. Os blogs por exemplo, são óptimos espaços (virtuais) para que haja exposição, reflexão e discussão de ideias, valores, conhecimento... Saibamos vislumbrar as potencialidades dos espaços (virtuais), participando e contribuído sem amedrontamento.

Este é um dos caminhos para o desenvolvimento, e esse dinamismo falta a Portugal. Essa dinâmica deve ser aplicada, fomentada e divulgada. Os pólos técnico-científicos que vão de encontro às empresas, com a sociedade em geral. Que exponham o que fazem e que proponham práticas efectivas. Que revelem as experiências exequíveis em termos produtivos, humanos e culturais. É tempo de se adquirir competências pluridisciplinares, que sejam coerentes e divulgadas em espaços de transmissão horizontal e vertical.

Os canais de comunicação devem filtrar e fornecer a informação às diversas camadas sociais. O conhecimento especializado deve ser traduzido para termos simples, para que seja facilmente perceptíveis e assimilada na «cultura geral» popular. Os trabalhos académicos e profissionais devem chegar a opinião pública sob a forma de conhecimento geral. É necessário que o conteúdo, a razão e sentido desse conhecimento seja acessível a todos. O eco das propostas deve sair dos círculos especializados para chegar ao homem comum. Os círculos fechados devem dar lugar a espaços abertos, ou seja, espaços culturais.

É imprescindível compreender o meio envolvente, quais são as dificuldades e facilidades que existem, quais as vantagens e desvantagens que podem surgir. É necessário delinear-se as compatibilidades, compromissos e objectivos que se pode ter em relação aos princípios do design. Aplicar de uma forma equitativa e consensual todas as práticas que o design obriga, não permite esquecer os seus princípios básicos – dar respostas práticas e funcionais que respondem às necessidades reais, humanas, de forma sustentável. Essas respostas devem ter atitudes, ideias e valores que assentam em compromissos de inegável interesse económico, pois a nossa qualidade e melhoria de condição de vida está intrinsecamente ligada a esses mesmos interesses.

O design em Portugal deve ser entendido como uma estratégia de desenvolvimento sócio-económico e cultural, sendo necessário criar-se uma linguagem acessível e devidamente contextualizada. O design deve ter um princípio lógico, coerente, adaptadas as condições e constrangimentos. Deve crescer através do desenvolvimento de práticas próprias e sustentáveis. Portugal é um campo extremamente fértil. A ausência de uma cultura de design reforça essa ideia. O que existe está muito fragmentado, logo isto torna-o irreconhecível. Existem boas condições para que o design português se desenvolva. A crise cultural joga a seu favor. O design português que se proponha de forma honesta, credível e sustentável, dando o seu contributo para que ocorra o crescimento cultural. Que o faça através da apresentação de soluções educativas e persuasivas que rompam com as ideias estereotipadas. Que seja perspicaz, persuasivo e fonte de cognição.

As empresas portuguesas revelam ser flexíveis, hábeis, com capacidade e facilidade de contornar problemas pontuais, o que é uma mais valia para a aplicabilidade do design. O conhecimento disponível, o empenho dos operários, bem como, a acreditação dos empresários deve ser direccionada nesse sentido. É com este cenário e com estas dificuldades que o design português deve desenvolver-se e demonstrar o seu potencial. É com tudo isto que ele se deve pronunciar e fazer perpetuar.

Muito se tem falado de inovação. Mas onde está ela? Quem a divulga? Onde se pode adquiri-la? A que preço e esforço? Todos estão desejosos por vislumbrar a «inovação». Pois o design é fonte de inovação. Aplicar design é inovar. Compreender o design é inovar. O design sugere conceitos inovadores que merecem ser desenvolvidos, obrigando por vezes a que se desenvolvam também novas técnicas, novos meios para que surjam novos produtos. O «atrevimento» do design consegue mover e conjugar o conhecimento em prol dos interesses culturais e sociais. Ele fomenta a pesquisa, o estudo, a produção, a experiência, a valorização humana. O que espera o design português? Ele que se mostre! Que se afirme finalmente neste século XXI!


Daniel Monteiro
Setembro de 2005

http:blogenxame.blogspot.com / blogenxame@hotmail.com

Comentários:
bom comeco
 
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