terça-feira, agosto 30, 2005

Acerca da conferência "O design na era digital"

Após uma primeira apresentação deste blog aquando do Cumulus Lisboa 2005, organizou-se uma conferência que pretendeu debater os diversos modos de pensar esta disciplina que é o design, focando o seu raio de acção na era digital. Esta conferência teve lugar na ESAD_ Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, no dia 17 de Junho.
Este post pretende demonstrar a pertinência desta conferência assim como, embora tardiamente, apresentar um breve resumo do que foi exposto. A conferência contou com a presença dos designers Luís Inácio, Dino dos Santos, José Luís Ferreira e do Eng. José António Simões, sendo moderada pelo Dr. José Bártolo, servindo ainda para uma apresentação mais detalhada dos propósitos deste blog. A intervenção do designer Luís Inácio, responsável editorial do site www.designio.com.sapo.pt, remeteu para a consciencialização da mortalidade do sujeito na sua relação com a técnica. Tomando como ponto de partida a etimologia do “osso”, Luís Inácio desenvolve uma análise da técnica, ao longo da história da humanidade, fundamentando a sua tese na obra de Régys Debray. Nesta apresentação, Luís Inácio, expõe a relação mediológica entre a filosofia e a técnica, tentando, deste modo, seguir o caminho de Debray, remetendo para as camadas sucessivas que vão surgindo a cada salto tecnológico e a relevância desta análise para o design. O designer Dino dos Santos, responsável pela www.dstype.com, apresentou um recente caso de estudo, e partindo desse caso, extrapolou para uma análise acerca da figura da tipografia como elemento para uma busca arqueológica. A apresentação do tipo Andrade (inspirado na obra
Nova Escola Para Aprender a Ler, Escrever e Contar de Manoel de Andrade de Figueiredo, 1722) serviu como ponto de partida para uma compreensão da história da tipografia portuguesa e, baseando-se no digital, para uma recuperação desses mesmos valores históricos. Alertando para o facto de o design contemporâneo se rever em si próprio, criando um novo hedonismo, e como tal, uma estética narcísica, propôs uma compreensão da história, seus ímpetos e suas idiossincrasias, como modo de rever os pressupostos de acção do projecto contemporâneo. O designer José Luís Ferreira, docente na ESAD e um dos responsáveis pelo INDI_ Investigação em Design Industrial, abordou a questão do digital pelo uso. Assim, fundamentou a sua exposição numa relação entre hardware e software, e destas, com o design industrial. Apresentou um conjunto de projectos desenvolvidos pelo INDI, remetendo para a metodologia projectual assente numa compreensão optimizada dos meios de modelação e concepção de produto. Revelar os meios digitais como amplos simulacros do real até à própria superação do real pelo digital, expondo-os como elementos imprescindíveis ao exercício criativo. A finalizar o quadro de oradores, o Eng. José António Simões, trouxe uma reapreciação da metodologia de projecto, sustentada na experimentação digital, para o desenvolvimento de sistemas protésicos. Apresentando o digital numa perspectiva distinta, como charneira entre o projecto e a engenharia, mas sobretudo como precioso aliado na experimentação laboratorial de novos componentes protésicos. Na ausência da cobaia humana, o digital assume um papel fundamental, quer como simulador de cargas, resistência e durabilidade de materiais, quer como um sistema enriquecedor da investigação e desenvolvimento de próteses.
Esta conferência teve o condão de espicaçar a reflexão acerca do mundo digital, de modo a que possamos conduzir o projecto de design para algo mais que a mera aceitação do digital como uma circunstância, mas percebendo-o nas suas diversas vertentes.

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